42 anos. Esse foi o tempo que Neide Silva dos Santos ficou sem ver sua mãe. Saiu ainda criança de casa, viajou até Cayena e lá viveu com sua prima sem nunca mais ver o restante da família. Foi por meio do Facebook, em 2019, que ela restabeleceu o contato com irmãos e sobrinhos. “Um dia postaram um vídeo da minha mãe, muito debilitada, dizendo que queria me ver uma última vez antes de partir”, Neide contou emocionada, logo após a audiência de conciliação realizada no Arquipélago do Bailique, durante a 143ª Jornada Itinerante Fluvial.
Na audiência, Neide e seus irmãos estavam reunidos para entrar em um consenso: construírem um local seguro e confortável no Arquipélago do Bailique, para que sua mãe vivesse o resto de vida que lhe sobrava de forma tranquila. “Fomos muito bem tratados aqui e chegamos a um acordo de fazer uma coleta, todos juntos, para dar essa segurança e conforto para nossa mãe”, explicou Neide.
“Nós precisamos dar valor a quem nos colocou no mundo. Precisamos dar flores e tudo que podemos dar enquanto ainda há vida”, disse ela. “Saímos dessa audiência, com certeza, mais unidos e mais certos de que juntos podemos dar o melhor para nossa mãe”, concluiu.
O juiz Fábio Santana, coordenador da 143ª Jornada Itinerante, contou emocionado que “precisamos valorizar e cuidar dos nossos pais e poder fazer parte desse final feliz é gratificante pra nós da Justiça do Amapá”.
A 143ª Jornada Itinerante Fluvial chega ao seu 4º dia de trabalho nesta quinta-feira (30), agora na comunidade Limão do Curuá. Os atendimentos passam a ser realizados dentro do barco da justiça para a população da comunidade. No dia 31 a justiça chega a Itamatatuba e finaliza no dia 1º, na comunidade de Ipixuna Miranda.