A Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Santana realizou, nesta última quinta-feira (14/12), mais uma edição do Curso Preparatório para Adoção, que contou com a participação de 13 candidatos à habilitação para adoção. O curso é uma das etapas do processo de adoção e nos tópicos tratados estão: aspectos legais, sociais e psicológicos do ato de adotar; os fundamentos do Sistema Nacional de Adoção; e mitos e verdades sobre a adoção no Brasil.
No curso, a psicóloga Marciene Lobato e a assistente social Vanusa Castelo compartilham sobre a teoria e prática que envolvem esses e outros temas. A titular da unidade, juíza Larissa Antunes, também participa da formação, que oferece uma perspectiva educativa ao sanar dúvidas dos futuros pais.
Segundo a juíza Larissa, esse momento é importante para os pais adotivos, porque eles passam a conhecer questões legais, psicológicas e sociais das crianças disponíveis para adoção. “Então eles conhecem um pouco da realidade das crianças, do que acontece com as famílias até que essas crianças estejam disponíveis para a adoção e, às vezes vão se abrindo, para mudar um pouco o perfil de adoção deles, por vezes passando a permitir uma adoção de crianças maiores ou de grupos de irmãos”, revelou.
“É muito importante eles conhecerem a realidade de onde vêm essas crianças do nosso município, mas também é um momento de nós termos mais um contato com eles e percebemos quais são as especificidades de cada família, de cada pretendente – o que nos ajuda também na hora do estágio de convivência, de acompanhar aquela criança na nova família”, complementou a magistrada.
De acordo com a psicóloga Marciene Lobato, o aproveitamento desta edição do curso foi excelente. “Todos os nossos participantes tiraram dúvidas, desde como é que se inicia o processo da adoção até o término dessa fase”, relatou. “Pudemos compartilhar muitas experiências de casos de adoções que deram certo e também mostrar a realidade de que nem todos realmente se adaptam”, ressaltou.
“Uma das fases mais importantes da adoção é a da convivência, quando é preciso se adaptar à nova realidade e ao mesmo tempo compreender que é uma fase bastante difícil, também para a criança e o adolescente que é adotado”, observou Marciene.
Um dos pontos altos do curso foi o depoimento do casal que adotou uma bebê de um ano durante a pandemia. “Foi uma experiência nova para nós e eles compartilharam as dificuldades que tiveram no período de aproximação, mas também compartilharam as experiências hoje enquanto pais, que relataram um pouco do preconceito que a sociedade ainda tem com os filhos adotivos”, lembrou.
Nesta edição do curso, participaram seis casais e uma mãe solo pretendentes à adoção, a maioria vai busca a adoção intuitu personae (consensual, na qual os pais biológicos entregam as crianças diretamente aos pretendentes a pais adotivos), de sobrinhos, primos e bebês de conhecidos que não têm condições de criar a criança.
“Aqui em Santana vamos encerrar 2023 com 14 crianças adotadas, tanto para os municípios de Macapá e Santana e para dentro do estado do Amapá, mas também para fora do estado. Tem crianças que foram adotadas por famílias de Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul, pois são crianças que foram absorvidas para fora do estado devido à idade”, explicou Marciene.
“A adoção tardia ainda não é uma realidade presente no nosso município nem no nosso estado, pois aqui ainda há uma preferência dos habilitados por crianças de zero a cinco anos, e quando ultrapassa um pouco mais essa idade, essas crianças tendem a permanecer mais tempo no abrigo”, lamentou a psicóloga. “Mas por meio do Sistema Nacional de Adoção, conseguimos fazer uma busca por todo o Brasil para que outras pessoas, como preferência de uma adoção mais tardia, possam então receber essas crianças”, concluiu.