22 de abril de 1992 – Um novo marco fundacional
Hoje, ao voltarmos nossos olhos para o calendário e nele reencontrarmos o dia 22 de abril, somos convidados a uma dupla celebração. Nesta data, em 1500, os ventos sopraram as velas de uma esquadra portuguesa até as terras que hoje chamamos Brasil. Foi o início oficial de nossa história registrada, o marco do achamento de uma nova terra aos olhos do Velho Mundo — e, para muitos, o nascimento simbólico de uma nova identidade, ainda em formação, ainda em construção.
Mas não menos importante, e talvez ainda mais caro ao coração da Justiça do Amapá, é o 22 de abril de 1992 — o dia em que aportaram, não em caravelas, mas com vocação e coragem, os primeiros servidores do Tribunal de Justiça do nosso Estado.

Assim como os navegadores enfrentaram mares incertos em busca de um novo mundo, aqueles homens e mulheres que primeiro serviram ao TJAP desbravaram os caminhos da institucionalidade, onde ainda não havia trilhas firmes, mas apenas o desejo de fundar algo grande, justo e duradouro.

Foram eles os nossos primeiros construtores — os que lançaram as pedras fundamentais da estrutura administrativa, os que montaram as primeiras salas, datilografaram os primeiros ofícios, acolheram os primeiros processos e deram rosto, voz e alma ao novo Poder Judiciário do Amapá. Não havia mapas prontos. Como os navegadores de outrora, foi preciso intuição, estudo e bravura para erguer uma Justiça verdadeiramente amapaense.

Se o 22 de abril de 1500 marcou o encontro de mundos, o de 1992 marcou o nascimento de um novo mundo institucional — feito não de terra e vegetação, mas de trabalho, de ética, de compromisso com o bem comum.

Aqueles servidores não apenas começaram uma carreira. Eles escreveram os primeiros capítulos de uma história que hoje nos orgulha. E cada vez que celebramos conquistas, informatizações, julgamentos céleres, avanços em acessibilidade ou cidadania, há uma linha invisível que nos liga a eles — os pioneiros.

Por isso, nesta data tão simbólica para o Brasil, rendemos nossa mais profunda homenagem aos que lançaram as sementes da Justiça no solo fértil do Amapá. Que seus nomes, muitos ainda conosco, outros já eternizados na memória, sigam como bússolas para as novas gerações.

Porque, se o Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500, a Justiça amapaense começou a pulsar, com batimentos firmes e esperançosos, no 22 de abril de 1992.

A todos os pioneiros, o nosso mais sincero muito obrigado.

Desembargador Jayme Ferreira 
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá